Olá, como você esta?
“Vou chegar lá e falar o quê?”, “Será que o psicólogo vai me julgar?”, “Quanto tempo demora para fazer efeito?”. Essas são dúvidas muito comuns para quem está pensando em começar a terapia. A ideia de se abrir com um estranho pode ser intimidante. Por isso, hoje eu quero desmistificar esse processo, mostrando que a terapia é uma jornada estruturada, colaborativa e profundamente transformadora.
Embora cada processo seja único como uma impressão digital, podemos delinear algumas etapas gerais que costumam fazer parte dessa caminhada. Pense nelas como as fases de uma expedição em busca de um tesouro: você.
Etapa 1: Acolhimento e Vínculo (O “Mapa e a Bússola”) As primeiras sessões são dedicadas a criar um ambiente seguro e de confiança. É o momento de você conhecer o terapeuta e sentir se há uma boa conexão – o que chamamos de “aliança terapêutica”. Você vai contar sua história, seus desafios, o que te trouxe até ali. O psicólogo não estará te julgando, mas sim ouvindo com empatia e curiosidade para entender o seu mapa de mundo. É aqui que definimos juntos o destino da nossa viagem: quais são seus objetivos? O que você gostaria de mudar ou entender melhor?
Etapa 2: Psicoeducação e Autoconhecimento (Entendendo o Terreno) Nesta fase, o terapeuta funciona como um guia experiente, te oferecendo ferramentas e conhecimento. É a “psicoeducação”: você vai entender por que se sente como se sente. Vai aprender sobre padrões de comportamento, sobre como seus pensamentos influenciam suas emoções, sobre a origem de certas crenças. É um momento de muitas “fichas caindo”, onde você começa a se enxergar com mais clareza e menos autocrítica. Você não é “quebrado”, você apenas tem um funcionamento que pode ser compreendido e aprimorado.
Etapa 3: A Intervenção (A Travessia Desafiadora) Com o mapa em mãos e o terreno compreendido, começamos a travessia. Esta é a fase da mudança ativa. Dependendo da abordagem terapêutica, as intervenções podem variar: podem ser técnicas para reestruturar pensamentos (TCC), exploração de sonhos e do inconsciente (Psicanálise), exercícios para se conectar com o presente (Mindfulness) ou formas de processar traumas (EMDR). É aqui que você vai experimentar novas formas de pensar, sentir e agir. Pode ser desconfortável, como um músculo que dói ao ser exercitado pela primeira vez, mas é onde o crescimento acontece.
Etapa 4: Consolidação e Autonomia (Aprendendo a Navegar Sozinho) À medida que você aplica as novas ferramentas e insights na sua vida diária, você começa a se sentir mais confiante e autônomo. As mudanças se tornam mais naturais. O terapeuta, que antes era um guia mais diretivo, agora se torna um consultor, alguém que te apoia enquanto você assume o leme do seu próprio barco. O objetivo da terapia não é criar dependência, mas sim te dar as habilidades para que você se torne seu próprio terapeuta.
Etapa 5: Manutenção e Alta (O Horizonte à Vista) A alta terapêutica acontece quando você sente que alcançou seus objetivos e que possui os recursos necessários para lidar com os desafios da vida de forma mais saudável. Não é um “adeus” para sempre, mas um “até logo”. A vida continuará trazendo desafios, e você pode, no futuro, sentir a necessidade de voltar para algumas “sessões de manutenção”, como um check-up. E está tudo bem.
A terapia é um investimento em você, um ato de coragem e um presente que reverbera por toda a sua vida. Se você está pensando em começar, espero que este mapa te encoraje a dar o primeiro passo.